logo que comecei a vender discos, em 2019, vi esse aqui numa loja — mas, na época, não era o tipo de som que eu buscava. na verdade, eu nem sabia direito o que estava procurando, musicalmente falando. só sabia que queria vender discos de música brasileira.

com o tempo, fui me abrindo para produções independentes, artistas desconhecidos... e, hoje, escuto uns discos aqui que, às vezes, penso que nem a família do artista ouviu (riso!).

por aqui já passaram vários discos de festivais — e eu sempre cedo à curiosidade de imaginar o evento. às vezes, a seleção é tão boa que uma “coletânea” acaba ganhando cara de álbum.

geleia gerou reúne 12 faixas escolhidas entre 620 músicas inscritas. foi realizado pela secretaria de cultura do piauí, nos dias 22, 23 e 25 de 1984, em teresina, durante o 1º encontro de compositores e intérpretes do piauí — projeto torquato neto. e tudo que envolve o nome de torquato neto costuma ser especial. uma curiosidade: o disco não foi gravado ao vivo — foi produzido no studio v, por antonio adolfo, o que já o torna diferente, pois muita gente não curte gravações ao vivo...

é especial quando a gente explora o país por meio da música. no nosso caso, que escutamos no vinil, às vezes a música só existe naquele disco — e você precisa dele pra ouvir. em outros casos, o disco até está no streaming, mas você não tem a mídia e fica esperando o dia de encontrar... é sempre uma aventura. e, nesse processo, a gente se depara com produções riquíssimas, que revelam culturas locais e despertam uma vontade real de conhecer os estados.

das 12 músicas, oito são interpretadas por mulheres — é um disco predominantemente feminino: rosinha amorim, ana miranda, solange leal, ana fonteles, myra, rosa lobo. as vozes masculinas ficam por conta de ronaldo bringel, edvaldo nascimento e alcântara.

é um disco bem delicado — sem excessos — que, de forma geral, nem parece ser um disco de festival.